Maria era filha de Maria, que era filha de uma Maria, também filha de uma Maria de outra história.
Maria era daquelas que vai com as outras, e ia com a mesma sapatilha surrada de tempos atrás, pisando pelos mesmos ladrilhos.
Maria sempre jogou no mesmo time.
Sempre ousou no mesmo corte de cabelo.
Acordava 10 para as 7.
A cafeteria da esquina sempre a recebia religiosamente às 15 para as 4.
Não mudava de endereço, de perfume nem de opinião.
Paulatinamente Maria era sua rotina.
Era acorda-trabalha-trabalha-trabalha-trabalha de novo-dorme.
Maria era isso 365 dias. 366 quando o ano era bissexto.
Ela abria e fechava janelas mas não olhava para o que estava por trás das portinhas de madeira da casa que sempre morou.
Encontrei a tal Maria um dia desses. Reparei no seu novo corte de cabelo. Me disse que trombou com o avesso na rua da certeza. No trombo, ela mudou.
Me passou seu endereço novo.
Maria agora inventa seu descaminho.
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