9.7.06

Digerir

Fome. Ausência ou vontade de presença? Fome de saber, principalmente e constantemente.
De descobrir.. fome sempre.
Fome que forma, fome sempre.
Fome que impulsiona, sempre fome.
Vontade exagerada de degustar, experimentar a vida, a totalidade, o individual e o coletivo.
Fome. Mofe. Ligação direta, intríseca. Se deixar passar a fome , se não saciá-la, mofa. Fome, mofe.
E não passa...esse grande apetite de percepção, que torna tudo urgente, urgência em sentir.

Então, naquele momento, ela digeriu o fato.
Qual o próximo prato?

4.7.06

Entre 6/7am é que a vida realmente acontece

Ela fazia força para acordar. Odiava acordar cedo. Sempre o despertador do celular que estava embaixo do travesseiro, interrompia, quebrava algum sonho,que ficava salvo na memória como incompleto.
E tomava banho quente, mais por mania do que pelo frio matinal. Tomava uma chicara de café com leite, um vicío diário, na canequinha que tem umas rosinhas desenhadas, às vezes comia uns biscoitos sequinhos desses de paradaria ou uma banana.
Arrumava-se, colocava johnson e johnson,e ia pegar o ônibus.
[trilha sonora adequada:cotidiano-chico buarque-todo dia ela faz td sempre igual...]
No ínterim entre sua casa e a parada (caminhada que durava aproximadamente 5 minutos), ela chutava pedrinhas, ou cantava uma música inteira.Às vezes ia calada, apenas memorizando as cenas. Na maioria daz vezes esperava 5 ou 10 minutos o ônibus que chegava sempre vazio,para sua alegria, pois preferia se sentar sozinha.O percurso de sua casa à universidade durava em média 20 minutos.
De manhazinha, um friozinho bom, a calmaria, a vida recomeçando na cidade, portas e janelas se abrindo. Ela sentia como se a casa dia presenciasse o nascimento de um novo filme B. Eram cenas desconexas, ou pela velocidade do ônibus, que nao deixava que ela visse as cenas se finalizerem, ou por ela mesma, que sempre estava procurando subliminaridades nas coisas, esquecendo-se muitas vezes que como dizia FREUD:
"um charuto muitas vezes é só um charuto,sem semióticas.".
Ah!Oh!Eita!Meu Deus!Ishhhh!Affe!Caraiiii!!E ela sempre interjeitiva,cheia de onomatopéias,acompanahva os quadros. Pessoas escreviam cartas de amor, velhos amigos se reencontravam, paqueras se iniciavam, pessoas limpavam as ruas, sujas de noites mais alegres, farmácias abrindo, bocas bocejando, caras de cansaso e sono, outras,inebriantes com um novo dia.(e etecétera e tal).E às vezes nem tudo segue a regra de sujeito+predicado+complemento. Nem tudo é previsivel. Nem tudo eh alinhado como faixas de disco.
Thanks God.
Muitas vezes ela escrevia, nas folhas dos cadernos, ou nos papéis avulsos, pensamentos imaginados naqueles instantes de "isso é óbvio, como você nao pensou antes?". E em todo seu caderno pode-se encontrar trechos sem final, ou concluídos às pressas pois a parada ja estava próxima, e na universidade,outra vida se iniciava. Ela sabia que a vida era contruída de esferas. Sua vida.Os momentos de pensar, os momentos de decontrair, os momentos de raiva...Como gavetinhas, ela pensava, que se abriam. Dentro delas, os sentimentos, agrupados, que fluiam naturalmente ao verem a gavetinha se abrindo, fugiam, exalavam pelo ar.
E ela perdida na sua louca.mente, só percebia que chegava a sua parada quando as pessoas se levantavam para descer também.(muitas,na mesma parada). Ela se levantava, dava um obrigado ao motorista, e ia caminhando...e os pensamentos iam aos poucos se esvaindo,e dando lugar à vida real.
Hoje, ela pensou em comprar um borracha, daquelas que apagam riscos feitos com caneta. Porque corretivo sometimes borra.

*vc borraria o desenho da sua vida?

FOOD FOR THOUGHT

Although you may not stumble across a Martian in the garden, you might stumble across yourself. The day that happens, you´ll probably also scream a
little.And that will be perfectly allright because it´s not every day you realise you are a living planet dweller on a little island in the universe. (Jostein
Gaarder- The Solitaire Mystery)