Tinha o novo todo dia. E tinha as caminhadas. E o sushi na esquina. E o parque no quintal.
E tinha a Ju. E tinha as conversas viajosas com a Ju.
E tinha meu apê. E o trabalho infernal que fazia o tempo correr.
E tinha mocha com leite de soja. Tinha enroladinho de esfinafre.
Tinha a liberdade de ir e vir. (a real liberdade de ir e vir)
E tinha também a segurança.
Tinha os animais. Tinha as aves. Tinha de toda cor.
Tinha gente do mundo todo tentando se entender.
E tinha a vontade de se entender.
Tinha a ioga. Tinha o pilates.
Tinha uma biblioteca enorme. (onde eu me perdia)
Tinha o céu de Monet, de Van Gogh e o de minhas fotos.
Tinha tanto.
E tinha uma saudade imensa que eu sentia disso tudo aqui.

dos acontecimentos inevitáveis.

mudar: fazer ou sofrer alteração. Ou os dois ao mesmo tempo.

As mudancas não te mandam aviso prévio.
E você se encontra (?) diferente.
E você se percebe diferente.
E você se encontra.
Depois de tantos desencontros e de tantas perseguiçõees atrás de mim, acabei me achando numa esquina bem longe, rindo de mim mesma.
Mas eu me agarrei pelo braço. Não ia me deixar fugir assim.
-Ah, então era aqui que eu me escondia?
Me peguei pelo braço e me levei para casa, e me olhei no espelho, e me despi, e me belisquei, e me... me, me, ME!
e me disse coisas das quais eu só fazia uma vaga ideia.
coisas que eles não fazem nem ideia, nem uma vaga ideia, sabe?
eles só pensam em falar dos outros, da vida dos outros, se fulana engordou, se cicrana emagreceu, se beltrano ta pegando a zeltrana...
eu me disse que eu não queria mais isso.
eu não quero mais isso!
e me desculpa se você nao me reconhece,
mas eu te garanto que sou eu mesma.
e me desculpa se eu não quiser conversar com você,
mas se só conversas sobre a vida dos outros,
eu não vou estar disponível para você.

Mas para isso eu te mando esse aviso prévio.
"Querido(a), mudei. E te digo que doeu. E digo mais: ser mutante é ser flexível para se descobrir. Que outras venham, para mim e para você."

a seu tempo.

é tem po de andar pra frente e deixar certas coisas lá trás.


é tempo.


é tempo de cair do pé de madura,


de sair das nossas gaiolas de ouro (interiores e exteriores)


tempo de abrir o coração para a paz,


e os braços para abraços.


(ah!os abraços...)


tempo de seguir com a verdade.


é tempo de novas estações em mim.

tempo de sair do tom e perder o tempo da melodia.

Tempo de brindar às pessoas que querem o bem, que fazem o bem.

tempo de reciclar nossos velhos hábitos com a força das novas idéias.

é tempo...mas um novo tempo. Mais um novo tempo.

tempo de finalmente te chamar para a dança.
e dizer baixinho que eu planejava isso há tanto tempo.

Você me lê de uma forma bem literal.

E então eu escrevo.
Faço isso desde que aprendi, mais ou menos aos 4.
Desde então, escrever virou meu escudo protetor. Eu discutia com minha irmã mais nova, e escrevia uma cartinha para ela. Sentia saudade da mais velha que morava fora, escrevia.
Eu escrevia na escola, escrevia para pedir desculpas a minha mãe por alguma bobagem pueril, eu escrevia na parede de casa.
Depois de um tempo, eu escrevia minhas descobertas, minhas cobertas e encobertas.
Eu escrevia nas entrelinhas para voce (s) nao entender (em).
Escrever encobria minha timidez excessiva. Eu nunca fui boa em falar, em botar pra fora.

Mas na verdade 'e uma grande bobagem pensar que escrever nas entrelinhas disfarça a verdade gritante.
Escrever nos deixa nus.
E sempre vai ter alguem que vai entender a mensagem.
Embora nua,
eu ainda conto verdades dessa minha forma.
Eu escrevo.

os descaminhos de Maria

Maria era filha de Maria, que era filha de uma Maria, também filha de uma Maria de outra história.
Maria era daquelas que vai com as outras, e ia com a mesma sapatilha surrada de tempos atrás, pisando pelos mesmos ladrilhos.
Maria sempre jogou no mesmo time.
Sempre ousou no mesmo corte de cabelo.
Acordava 10 para as 7.
A cafeteria da esquina sempre a recebia religiosamente às 15 para as 4.
Não mudava de endereço, de perfume nem de opinião.

Paulatinamente Maria era sua rotina.
Era acorda-trabalha-trabalha-trabalha-trabalha de novo-dorme.
Maria era isso 365 dias. 366 quando o ano era bissexto.
Ela abria e fechava janelas mas não olhava para o que estava por trás das portinhas de madeira da casa que sempre morou.

Encontrei a tal Maria um dia desses. Reparei no seu novo corte de cabelo. Me disse que trombou com o avesso na rua da certeza. No trombo, ela mudou.
Me passou seu endereço novo.
Maria agora inventa seu descaminho.

despensei altamente

E um dia eu pensei que você fosse a resposta. Que fosse a rima certa. Que tua escrita com a minha dava em poesia. Pensei que o tempo passava rápido quando você falava, que tudo brilhava e que ninguém percebia. Que as cenas daquele filme teimavam em acontecer nas nossas esquinas, que tuas linhas eram as mais bonitas e que a saudade não matava. Que escrever entre-linhas adiantava, que a distância não afastava e que café curava.
Um dia eu pensei em correr contra a maré, contra mim e de você, contra o vento e contra o tic tac do relógio na parede de tua sala.
Um dia eu pensei e repensei.
Um dia eu pensei tanto que desisti de você.

:)

saí dos estribilhos

Chamava tudo isso de estribilhos.
(Cá entre nós, eu sempre adorei uma palavra difícil.)
O que nascia de dentro, eu jogava aqui pra fora.
Então, eram estribilhos de mim,
ecos de coisas que eu já nem sei,
ou coisas que eu já nem sou.

Mas eu aboli os estribilhos.
eu saí dos refrões.
eu penso e cuspo,
ou o meu pensamento fala pra fora.
eu me achei no tava pensando alto.

isso sim, é bem mais a minha cara.

estribilhos que pensaram alto e voaram.

O barulho dos carro. A guitarra na varanda. O som do teclado. O ruído dos martelos e escavadeiras na construção da esquina. O tic tac do relógio. A música vindo do ipod.

As frases do livro falam, gritam.

Até o azul do céu grita.

O zum-zum-zum dos pensamentos.

Tudo em alto e bom som.

Dentro deles, tudo é festa.

Mas eles nao conseguem falar.

As suas explosões não fazem barulho quando acontecem.

O barulho você só vai escutar depois.

Porque você é uma flor

Porque, pequena flor, eu te vi crescer e tomar cor.
Vi tua metamorfose,
vi tua cara de alegria,
senti teu cheiro.
Aprendi a não me furar nos teus espinhos.
Eu estava cuidando do teu jardim quando a tempestade arrancou teu chão.
Eu sofri junto com você,
eu me feri como você, flor.
Mas choveu! E a chuva lavou nossas lágrimas.
E a gente aprendeu, e a gente ensinou,
e a gente dancou na lama, flor.
Você está comigo desde os primórdios da minha vida de jardineira.
Porque seu nome é Ana.
Ah, Ana bem que podia ser nome de flor, Ana!
E porque você é uma flor,

E porque Anas brotam no meu jardim...

E porque o nosso jardim é o mesmo,

e por todas as coisas, Ana, eu te quero todo o bem.

entre nós de realidade

e eu,
que nunca fui boa em desatar nós,
me vejo deixando todas as pontas soltas.
Talvez não haja mais motivos
para atá-las.
E eu as deixe.
Entre nós,
a realidade se emaranha.


*Para atar o fio da meada, um pedaço de um livro que caiu em minhas mãos:

´ We can talk about anything you like,` I said. ´Are you interested in football?´
´Not in the least.´
´What about cricket?´
´Nope.´
´Rare stamps?´
´Stop!´
´Then I suggest we talk about reality.´
´Yes, why not? Or do you think it´s too arbitrary a theme?´
(Maya. Gaarder, Jostein)


Hm...food for thought! Have a good meal.

os escafandristas virão

Os pequenos seres eram exímios exploradores.
Curiosos, munidos de binóculos, lentes de aumento e idéias, viajavam longe em seus universos.


Que nossa mente inquisidora nos leve ao descobrimento do nosso próprio mundo.

"the future is bright and i´m wearing shades"

Essa é mais umas das frases que ficam falando comigo,
ou que me deixam imaginando com seria a voz delas de elas fossem som.

Num sotaque australiano bem forte e irreverente, eu até escuto a frase falando:
"I´m in and going forward. The future is bright and i´m wearing shades baby!"

Oh fucking yeeah!

linhas e agulhas.

O dedal caiu no chao.
Quando eu me furei.
Procurei embaixo da mesa, no canto da sala.
Inutil.

Da radiola que nao funcionava ha anos, eu consegui ouvir por um minuto:
-Menina, deixa esse dedal pra la e va cuidar do seu dedo furado!


(sem acento por justa causa.)

a consciência inconsciente

"Alice,
você vê, o avesso do avesso do avesso da consciencia nao mostra uma realidade tao diferente senao que, por este avesso o alto pelo qual você apreende o mundo é o mesmo quadro que você vê pelo baixo no qual percebe as coisas o gato do outro avesso. Enfim, qualquer que seja o universo em que estivermos, qualquer que seja a representaçao sobre a realidade e por mais que tenhamos medo daquilo que nos escapa, um denominador comum resiste: a consciencia, livre, forte, intemporal e unica. E nela que tudo se inscreve para cada um.

O coelho (mas isto nao esta na texto)."

Coelho, vc passou correndo e me deixou um post it.
Nao sei teu nome, nao sei por quais esquinas andas aprendendo novos truques, nao sei se es mesmo coelho ou se apenas gosta de sair magicamente de dentro de cartolas.
Coelho, que esse denominador seja comum a todos nos. Nao tenho o endereco da sua toca, por isso eu penso alto pra ver se vc recebe o feedback.

é preciso estar sempre in bloom.

(entra narradora com voz de apresentadora do Telecurso 2000)

"Voce já ouviu falar sobre o mito da caverna, de Platão? "

Espectadores e expectadores, a moral da história é que, entre outra coisas, é preciso querer ir mais longe, ver além. é preciso ter fome de saber.
A gente precisa sair de nossas próprias cavernas, tirar o cimento e a venda dos olhos, admitir nossa ignorância seguida pela vontade de querer saber sempre mais.

e você? está disposto a sair da sua caverna-couch?
Abrir a mente nem dói tanto.

"never forget how to dream, butterfly" little star- madonna

o mundo de sophia. meu e seu.

"the path of mystery leads inwards". Novalis.


eu acredito. eu sempre vou acreditar.

so let´s go, im in.

"It is the only way to become a human being. It is the only way to become more than a naked ape. It is the only way to avoid floating in a vacuum."
Jostein Gaarder - Sophie´s world

sobre arriscar

Ter coragem de dar um passo mais largo e abrir a porta me trouxe ao fantástico mundo de Oz. Uma terra linda e louca, cheia de gente de todos os lugares que você pode imaginar olhando o mapa-mundi.
Gente que também resolveu abrir a mesma porta que eu.
Gente branca, preta, amarela, trazendo sua cultura para dar um tempero melhor à mistura.
Fato: inevitavelmente tudo isso só melhorou a minha mistura.
Perguntam como eu me sinto...
Inteiramente viva.

E agora que você abriu a porta?

"é...bonito isso."

"That´s hard because you are still so young and have so much independence inside you.."

Quando Heidi Boyle disse isso, eu pensei: é...bonito isso...

R:

"Life's a rich affair of the senses, where emotions are music and the physical world the orchestra. You play as hard as you work, inhaling the rewards of both in a familiar and appreciative way. You know how to take care of yourself - spritually, mentally and physically, and are not prone to excess except in particular, carefully chosen instances. You appreciate art and music, free to escape in the concepts they birth. Time represents a canvas on which you display your craft, expressing your experience with life in interesting and new ways. You find yourself yearning for the past as a means to escape the hurried and impersonal present, recalling the lifestyle of your earlier times here. You are happy to lead but also know when following is more rewarding, and why. While you can tell the difference between and old soul and a young one, you are still prone to mild impatience when faced with other souls' faults or bad habits. As a result, you sometimes distance yourself and miss out on what otherwise may have been valuable experience. It is those experiences that will draw you back again and again, until you are a very old soul, and ready for the graduation from the school of the physical. "

:.bem New Age.

post it amarelo

Precisava correr.
Então eu corri para aliviar a dor, ou o peso do céu e das palavras, ou para abafar os gritos que ecoavam na minha cabeça.
Como forrest gump, eu corri até cansar.
Mas não te preocupas.
Eu já cansei de correr.

big bangs a 220v

eu ando olhando os sons e escutando as cores.
caçando os pores-do sol.
usando watercolour.
bebendo muita água.

eu ando, eu ando muito.

eu ando namorando comigo,
comigo mesma,
e com o preto.
que na verdade é branco, mas eu gosto de cores.

eu ando lendo, eu ando muito.
eu ando, mas não correndo muito.

eu ando, porque eu adoro um tudo ao mesmo tempo agora.
e eu nao tô nem ai se ser positiva é brega :)

ray of light

"She´s got herself a little piece of heaven.

Shes´s got herself a universe

Quicker than a ray of light she is flying
Quicker than a ray of light Im flying"

Madonna - Ray of light

horas e horas e horas

Muitas pessoas se apaixonam pela beleza.
Mas eu me apaixonei foi por tuas idéias.

colisões

"Nós somos acidentes esperando para acontecer."

Já tinha visto a frase em algum lugar, voltando no tempo , se mostrando como um outdoor.

Dias atrás, topei com a mesma novamente.

Quando penso nisso, imagino fogos de artifício.
E que os acidentes acontecam lindamente, então.

festa na cabeça tupiniquim

Um gole de Caetano.
Um cheiro de um tinto.
Muda pra Marisa e dança, dança.
Um gole de um tinto.
Depois de um gole de Chico Buarque, eu vejo as letras se escrevem na minhas linhas.
Devoro os Novos Baianos.
Eu quero mais música pro corpo e pra alma.

Histórias do Brasil: como foi no princípio

O Brasil já tinha sido colonizado há tempos quando essa história virou minha história. E de mais alguns milhares de brasileiros.

Uma portuguesa que se apaixonou por um índio, beijaram, casaram. E da união de duas culturas nasceu Ana e mais uns 5 na média.Uns filhos eram altos, atributo dos índios, mas com olhos azuis/verde, dos portugas. Outros com rosto de português, mas cor de índio.

Essa foi a primeira lição de História que eu aprendi.

num enésimo de minuto

é café. é leite. é aqui. é ali. acorda, dorme, passeia, chove um pouco, o corpo vira a ilha procurando o sol. é café. é leite. é aqui. é ali. acorda, dorme, passeia. chove um pouco, o corpo vira a ilha procurando o sol.

tic tac. tic tac. três passos à direita, num lugar marcado com um X vermelho você aporta.

pra começar tudo denovo, como um relógio. é café. é leite. é aqui. é ali. acorda, dorme, passeia. chove um pouco, o corpo vira a ilha procurando o sol. é café. é leite. é aqui. é ali. acorda, dorme, passeia. chove um pouco, o corpo vira a ilha procurando o sol.

tic tac tic tac.
tic
tac
tic
tac

é cedo?é tarde?
tempo não se perde, se ganha.

três passos rumando norte, num lugar não localizado na rota, você se perde.
Ou se encontra loucamente.

Quem sabe histórias sejam mais fáceis de ser escritas

Não gostava de caminhos longos.
Ou de grandes arrodeios.
Aprendeu a sintetizar, cortar os artigos que não acrescentam.
Colocar os pontos no final da frase. Quando a frase tem que começar novamente.
Tentou até falar de Maria que amava João que amava outra Maria que não sabia o que queria.
Tentou falar sobre paisagens, mas fotografia era mais interessante para falar sobre isso.
Tentou falar sobre o tempo, mas isso era longo demais.


Então, falou só o essencial.
Essa é a história de uma garota que não consegue escrever longas estórias.

Mas eu vou perguntar a ela se não é mais fácil vivê-las.

tempo? tem po...

eu vivo no amanhã, tomando o seu ponto de vista.
então, eu saio daqui e chego aí no hoje.
se tem tempo?
tem po...

coração para o homem de lata.

Então, a pergunta:
-Você sente?
-Sinto
- . . .
- Por quê?
- Não sabia que você era apto para isso.
- ....

chaves muito grandes [ou fechaduras muito pequenas]

A revista perguntava com letras garrafais: e você, como abre portas?
[e aqui de dentro uma porta se abriu]
Ao mesmo tempo em uma terra distante, ouviu-se o click de outra se fechando.

Uns dizem que as chaves sao grandes, ou pequenas demais. Outros nao alcancam as fechaduras. Outros até perderam as chaves.

-Melhor perder as chaves?Ou perder a cabeça querendo abrir uma porta?
-An?
-Nada, pensei alto.

(click)

diário de bordo - parte dois.

"Um por um, aprendizes de vôo, flutuávamos para além do alcance de nossos radares, nos perdíamos dentro de nós mesmos, para depois dar um rasante de volta, cheio de histórias maravilhosas pra contar"
(Leary, Timothy. Flashbacks. P.52)