As grades do condomínio são para trazer proteção?

De que adianta todas essas grades, muros altos, todos esses artefatos que nos dão um falso senso de segurança?
De que adianta correr e gritar?
De que adianta tudo isso se nada podemos fazer quando temos um revólver apontado para nossas cabeças e um bandido com os bolsos e o estômago vazio mas a mente cheia de crack e revolta gritado com você?

Ainda precisamos descobrir como é bom andar pelas ruas com liberdade, a real liberdade de ir e vir sem medo.
O mais revoltante é que pagamos impostos para supostamente ter direito à segurança.
A quem reclamar? "É melhor ficar caladinha madame, se não eu te dou um tiro".

É em dias como esse que fazemos uma poesia bruta, realismo sem lirismo, com um pingo de revolta e outro de medo.
Uma poesia de página policial.
E por vezes, de registro de óbito.

A gente quer comida, diversão, arte e segurança.
No terceiro mundo, é pedir demais.

Só se vê certas coisas

com os olhos bem fechados.

Histórias de gênero

Nunca fiz muito gênero. Mas ao 25 anos resolvi fazer muito o gênero mulherzinha.
Papinhos calcinha? Maquiagem? Salto alto? Esmaltes em tons atípicos? Olá queridos, amo muito vocês.
Mas não se engane você ao pensar que esse papo mulherzinha é só uma embalagem vazia. Todo o conteúdo está acompanhando essa emancipação, uma mulher "revista TPM".
Vestida de mim mesma, uns remendos na alma, delineador nos olhos e uns tropeços por conta do salto, começo o ano querendo mais de mim e do mundo.
E que assim seja.



(ABRE ASPAS)

Oliveira (2005, p.202) diz que “do corpo de formas arredondadas ao corpo esbelto, da meiguice à emancipação, da dona de casa à miss e à nova mulher, distintas representações foram e continuarão a ser construídas”.

(FECHA ASPAS)