24.12.06

Feedbecks from myself

Quando abri a porta, estava tudo realmente desorganizado. Até ali, eu não havia perssentido o quanto aquela bagunça me deixaria confusa. Mas entrei e fechei a porta, disposta a realmente pôr tudo em ordem.
Não havia ninguém para dizer algo como: "olá, entre e sinta-se à vontade. Bem vinda ao clube." e fazer com que eu me sentisse parte daquilo tudo.

Não sabia ao certo por onde começar, quando percebi os sons que saíam de uma radiola velha ecoando por todos os lados. Uns altos, uns baixos, uns agudos e outros quase graves. Passavam por mim e cortavam meus pensamentos sem cerimônia. Tinham o poder de me deixar oca. Mas não podia me sentir oca, precisava organizar, e este não era o momento certo para uma terapia de sons. Foi aí que puxei a radiola da tomada e o silêncio fez-se presente. "Melhor assim" pensei eu. "Ao menos eu posso concluir minhas idéias".

E então começou aquela estranha sensação de deja vu. E tudo repentinamente pareceu familiar. Como se aquele caos fosse eu, ou parte de um eu desconhecido, talvez. E fui andando por ali, pisando nas coisas jogadas no chão, e reconhecendo que eram minhas. Onde eu estava então? Que lugar é esse, que guarda esses retalhos de mim?

Perplexa com tal achado, fechei os olhos para ver se ao abri-los, acordava de um desses sonhos sem sentido, mas quando abri os olhos, tudo ainda estava ali, amontoado. As janelas estavam fechadas, portanto, não dava para saber se era noite ou dia, só senti que estava um pouco abafado ali. Caminhei entre sacolas, brinquedos e almofadas, livros e cds quando vi caixas de madeiras coloridas, que me chamaram a atenção.

Achei um bilhete em cima da primeira. Não entendi de início o simbolismo do que aquelas letras queria me dizer: "Ao abrir este mundo, você pode ir muito mais longe do que acha. Mas cuidado, sua mente jamais voltará ao tamanho original." Confusa, resolvi olhar a outra caixa e seu recado. Escrito com uma letra que parecia de alguém saído do jardim de infância, li: "Aqui você realmente foi feliz, mas pra cá não se pode voltar, pois você já descobriu muitos segredos para poder viver aqui". Eu não conseguia entender qual sentido dessas palavras misteriosas...teria eu, me tranformado em algum tipo de Alice, perdida em minha imaginação, ou em meu arquivo de memórias? Mas quem está escrevendo este roteiro? Pelo menos aqui, não havia um coelho louco, nem cogumelos que me tornassem grande ou pequena demais.

Mas havia um curioso espelho que me chamou a atenção. Na verdade, andei em sua direção quase que hipnotizada. Ao olhar dentro dele, tudo fez sentido.Eu estava perdida em mim, em algum lugar de mim que eu não conhecia, mas queria sair dali desesperadamente.

(de uma duplexidade para outra. um universo conversando com outro. e big bangs explodindo em mute.)

20.12.06

crítica cáustica sonora à duas mãos

Aterrado o senso de propriedade,
Pois que já não era o mesmo indivíduo,
Duplo nome de uma só natureza,
Que não se chamava dois nem um.
E depois ficou confusa a razão
Vendo aumentar em si a divisão (Shaekespeare)
E depois ficou confusa a razão
razão?

Eles medem tudo
casas, roupas, palavras
medem até sentimentos.
Metrificados, medidos e comedidos.
Superficiais como uma mão mal passada de tinta.
Admirável mundo novo, o que está acontecendo com o ser humano?
Admirável mundo novo, que antes era humano?

Finja.
Faça o que quiser.
Minta.
só não venha me dizer que tudo isso tem apenas um porque

vamos brincar de deus
brotos em divisão
alfas gamas e betas
deltas ipsilons

amar o que não é meu
vendo um arrebol
oh tentação singela
desfarce de um paiol

quem sabe um dia
se a gritaria ceder
quem sabe um dia
se a lama secar
quem sabe eu, gritando de sede secasse o mundo e cedesse tudo pra sem nada ficar

porfavor...

você acha mesmo que um zigoto falido, com destino vencido tem algo a acrescentar?

Porfavor...

Sentimentos selvagens. Postura ultrapassada. Conduta depreciada. Uma relez aberração.

Porfavor...

O que me resta vem dessa dor, que não vai passar, agora não.

Te demos comunidade, identidade e estabilidade. O que querer mais?

Porfavor...

Te compramos conduta, moral e felicidade. O querer mais?

Porfavor...

O que me resta vem dessa dor, que não vai passar, agora não.

Porfavor... Porfavor... Porfavor...

Faça o que quiser
Seja o que quiser
Só não ouse fugir ao o padrão
Só não ouse fugir a porra do padrão


*composição: Vanessa Maciel e Bruno Di Lorenzo.
Depois coloco um link para a música, quando estiver pronta.

11.12.06

Aprender a apreender

Caminho pelo caminho das idéias ideais para divagar devagar sobre o etéreo eterno com a criatividade da criativa idade, que manda o prolixo pro lixo. Viu que é vil? Eu gosto do teu gosto, te canto do meu canto e só lamento o isolamento. Vem cá e deixa o estático ser extático, antes que a história vire estória.


- tanto mau quanto mal praticamente não são bons.

*deixe que sua mente seja co-autora do texto e interprete como quiser.

8.12.06

com corda ou sem corda?

as palavras voam como o vento, tentando caber no tempo, indeterminado momento, breve alento.não sou bobo me mantenho atento e minha idéia sustento, não deixo ao relento, fico firme. eu aguento. tento. penso e repenso. depois dispenso. penso. pendo prum lado. caio no outro.deixo marcado o que queria dizer.assim fica fácil de não esquecer.mas isso fica só entre eu e vc. sintonizou na sintonia? ninguem precisa entender. mas isso fica só entre eu e vc. ninguem precisa entender. faz parecer. espairecer. dizer coisas que eu não sei dizer . e tudo sem saber o porquê. de onde? como? cadê? apenas uma sensação, observação, ligação, rimação mental. e etc e tal
uma simples sintobiguidade normal, diferente do que se acha igual. tudo é tão parecido, tão habitual, ao contrário dessa afinidade natural.e a sintonia vira real, e o ambíguo já não faz mal. caixolas afinadas em uma nota celestial fora do normal.
e o som que se ouve dessa mistura como costura se entrelaça, entrepassa.
e um pré-texto vira pretexto. com corda ou sem corda?

* praticamente uma caixa de surpresas ambulante. caixa de música do riso. caixa de idéias invioláveis.

7.12.06

NASASAS


P O E M A S
PÕEM ASAS.

EM
ASAS,
EM
P AUSAS
SEM
CAUSAS.
C A S A S
EM
A S A S.



| efeito borboleta, é feito borboleta, defeito borboleta |




30.11.06

linhas retas merecem curvas


"Alguns não conseguem afrouxar suas próprias cadeias e, apesar disso, conseguem libertar seus amigos.
Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro se tornar cinzas?" [ Nietzsche em Assim falou Zaratustra ]

interrogação.

24.11.06

instrumento de ver melhor
















"Linda princesa, não haja sempre assim...
Escrava dos sentidos, procure outra maneira"

disse aquela voz lááááá longinho, como num eco, num realejo, num realengo.
caleidoscópio multicor, girando, roleta-russa no trem do oriente.
estampilha solta, silêncio no ar.
silêncio no estúdio.
gravando.

tu -do
e- va - po- ra.

"Cara jovem, sinto informar, mas a vossa pessoa esta acometida de síndrome do pensamento acelerado"

23.11.06

extrato

Entre tratos
e destratos,
firmou-se o trato.
Um contrato,
de imediato contato,
trato além do tato.
Mas o desinteresse nato,
num súbito sobressalto,
desfez o trato.
Quebrou o contrato,
rasgou retratos.
Desfez a rima.
É fato:
Desato.

11.11.06

ASASINTÉTICAS

A borboleta de ferro voa pela tarde, pesada, com seus movimentos mecanizados.
A borboleta autômata, rígida, ríspida.
Com suas asas enferrujadas pelas gotas da chuva ácida, um Ícaro moderno à procura de luz.
A borboleta de tempos modernos, a pobre borboleta produzida em série, tão diferente da leveza que toda sua espécie parece ter. Ela e sua insustentável leveza. A borboleta com prazo de validade, com condimento e conservante. A borboleta-robô, à prova de balas. A borboleta cubista. A borboleta monocolor, que pousa nas antenas da cidade-luz. A borboleta e seus sentimentos industrializados. A borboleta corrompida pelo meio em que vive. A borboleta que respira poluição.
A borboleta azul, vivendo em um mundo de tons cinza.
Mas a poesia ainda está lá, no ar.


"E o tempo que levou uma rosa indecisa
a tirar sua cor dessas chamas extintas
era o tempo mais justo. Era tempo de terra.
Onde não há jardim, as flores nascem de um
secreto investimento em formas improváveis"
drummond

18.10.06

penSARTRE

"Pode ser bem afinal, que tenha sido uma pequena crise de loucura. Já não restam mais sinais dela. Os sentimentos esquisitos da semana passada parecem-me hoje bastante ridículos: não consigo revivê-los. Esta noite estou muito à vontade, muito burguesamente instalado no mundo" Jean-Paul Sarte

-você pensa que ele tá falando de amor?

existencialismo. vide google.

7.10.06

Lê minski

Suprassumos da quintessência (Leminski)

O papel é curto.
Viver é comprido.
Oculto ou ambíguo,
Tudo o que digo
tem ultrasentido.

Se rio de mim,
me levem a sério.
Ironia estéril?
Vai nesse ínterim,
meu intramistério.


- só pra não se perder por aí,

3.10.06

Pró-nome de.mostra.dor

Aquilo que exaspera,fatiga, e torna tudo sutil.mente enfadonho.
Aquilo que angustia, aquilo que impõe, sobrepõe e pressupõe...
Entre.tanto sentimento tranforma.dor, indefinido entre o doce e o amargo, perdido entre o passado e o presente, correndo com vontade de estacionar, e por isso estanca, estatica.mente.
Aquilo que nos deixa en.venena.da.mente irônicos; que des.prende da matéria, cri(a)tividades, e faz flutuar.
Aquilo que no fundo acaba sendo decisivo, imperativo, investigativo.
Aquilo que apavora, que é a ca(u)sa da repulsa do lado só(m)brio, que faz entrar em colapso e sucessivamente te leva ao eldorado, fazendo ir da cólera à calmaria ab()luta. Que nos faz a.venturar.se no vazio, aumentando a in.tensão. Aquilo que no fundo, não passa de um sobressalto de desespero...que vem como resposta para os poréns.


- para não se perder por aí, posto aqui:


"And the butterflies are invading
the apartments, cines and bars
Sewers and rivers, lakes and seas
In a "de arrepiar" twirl
Destroying windows and glass doors
Escalators and in the chimneys
They sit and "pousam" in the smog
In a rainbow if knows what it is"
(zé ramalho - a dança das borboletas)

1.10.06

Engole o pão e circo

Dá-me um pouco do teu riso e mais um pouco desse pouco. "Me dá, tio, 1 real preu poder comprar um sonho". Deixa o dinheiro da passagem. Liga a tv preu te ver. "Compra, compra, compra, mãe!". A última moda em Paris passou, a última novela passou, a última modelo assim passou... mas minha mãe não comprou. Dá-me um pouco do teu asco, um pouco da tua fama, pode ficar com minha fome.
Deixa eu ser hype, deixa eu ser indie, deixa eu ouvir aquela banda que ninguém conhece. Dexa eu morar na paulicéia desvairada, na philipéia mecanizada, em alguma rua errada.
Dá-me o nariz de palhaço, traz o algodão doce. Não esquece da cesta básica de alimentos, da sesta básica após o almoço, e da sexta básica naquela boate cuja entrada é 100 reais. Tira meu nome do SPC e me localiza por GPS. Compra meu voto. Mas antes, deixa eu assistir o horário político, que depois eu posso ir no cinema, engolir "the american way of life".Passa o beck, olha a bala e toma um doce, que eu vou praquela rave "irada", sacou? Me dá um mac donalds e um moet chandon. Me dá um Dior e um Armani. Mé dá, me dá, me dê logo que eu preciso.
Aí depois disso tudo, me deixa, porque eu preciso vomitar.

14.9.06

conversa com verso

Entretanto e todavia,
entrevia tanto.
Entre todos, tanto via
entanto,
entre tanto tantos
via tanto...todavia.


Só sei
só se
sós
só.

PARANÓIA
PÁRA NÓIA
PARANO IA
PARA O
NÓ IA
PARAR
NO
IA.
(parar nao ia, também?)


Desconstrua-se. Reconstrua-se. Construa-se, nobre amigo.

11.9.06

















Aqui jaz a modernidade, e o zum-zum-zum das máquinas.
Da porta para dentro, jaz a beleza, a tristeza, e a riqueza, numa tríade controversa.
Passando as grades enferrujadas pelo tempo, jaz o ser humano, a claridade e a vaidade de tempos mais amenos.
Jaz vida, anos mais fartos de cor, que foram sepultados pelo lodo que toma conta de tudo, pelo esquecimento e pelo abandono.
Ouve-se nitidamente o bater das portas, o barulho do portão enferrujado e de correntes que fecham algum segredo. Apenas nisto a casa toma vida, nestes barulhos noturnos e indecifráveis.
Depois da entrada tudo é preto e branco. Tudo é passado. Tudo é poeira e mofo. Nos jardins, hoje repleto de folhas secas e mal cuidadas, estão enterradas lembranças. Vultos espreitam pelas janelas, parecem tomar conta de um castelo precioso. Quem são eles?
A imagem é convidativa para a imaginação. Bom apetite.

27.8.06

"então tudo acaba em silêncio e em poesia"

Ele acaba quando há poucos risos, quando há mais discussões e quando não restam soluções.
Vai acabando aos poucos, nos cacos jogados embaixo do tapete, como poeira escondida e nunca jogada fora.
Vai se perdendo quando não há mais surpresas, e tudo parece um roteiro, premeditado.
Quando o singular fala mais alto que o plural, e brigas são colecionadas como roupas num varal.
Quando "isto é meu, e isto é seu" e o que era nosso, não existe mais.
Quando tudo já foi descoberto e então, começa-se a esconder muito.
Quando as vozes ficam mais altas, quando o doce fica amargo, e quando os olhos, em vez de brilharem, choram. Quando o telefone toca e ninguém atende, quando se fala e ninguém responde.
Acaba em qualquer lugar, em rostos tristes pelos cantos, em olhares que não se procuram mais. Acaba em cada detalhe que quer se apagar e no coração que teima em doer.
Acaba em ecos.
Acaba em gestos.
Acaba em lágrima.
Em adeus.

-pulsa a repulsa, e paga a conta, que estava inclusa.

18.8.06

admirável mundo novo

"Aterrado o senso de propriedade,
Pois que já não era o mesmo indivíduo,
Duplo nome de uma só natureza,
Que não se chamava dois nem um.
E depois ficou confusa a razão
Vendo aumentar em si a divisão"
(The Phoenix and the Turtle, William Shaekespeare)


Eles medem tudo, casas, roupas, palavras e até sentimentos. Metrificados, medidos e comedidos. Superficiais como uma mão mal passada de tinta. Admirável mundo novo, o que está acontecendo com o ser humano, que antes era humano, demasiado humano, e hoje, nao consegue ao menos, ser humano?

11.8.06

sobre encontros, reencontros e desencontros.

O gráfico de sua vida estava constante. Havia fechado um muro ao redor de si, e ali, criado um mundo, uma redoma de onde não costumava sair.
Foi quando surpreendeu-se. "A gente marca". O duplo sentindo, o tic tac.
"Se te ensinei que há hora e lugar pra decidir... e depois, com os conselhos que te dei ontem, aqui ou amanhã, a qualquer momento"
Engraçado algumas coisas que acontecem. Parece moda.. entra em moda, cai de moda.
E o que não se sabe explicar? E o que não se consegue entender? E não sai uma palavra.
Ai ela vai pro quarto. Tá afim de escutar a voz esganiçada de John Lennon cantando Im the walrus. Escuta, pula pra bicho de sete cabeças, e fica, olhando para o teto...
Pega papel e lápis e começa a rabiscar algum sentimento biográfico que vai surgindo... Ela acha que esses são os melhores momentos para se escrever.
E fica escutando música, o que sempre acalma a alma...até o sono chegar.
Se encontra, reecontra e se desencontra tantas vezes...
bocejos

1.8.06

teatro mágico

Sintaxe à vontade
(Fernando Anitelli)
"Sem horas e sem dores
Respeitável público pagão
Bem vindo ao teatro mágico!
sintaxe a vontade...
"Sem horas e sem dores
Respeitável público pagão
a partir de sempre toda cura pertence a nós
toda resposta e dúvida
todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser
todo verbo é livre para ser direto ou indireto
nenhum predicado será prejudicado
nem tampouco a vírgula, nem a crase nem a frase e ponto final!
afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas
e estar entre vírgulas é aposto
e eu aposto o oposto que vou cativar a todos sendo apenas um sujeito simples
um sujeito e sua oração
sua pressa e sua prece
que a regência da paz sirva a todos nós... cegos ou não
que enxerguemos o fato de termos acessórios para nossa oração
separados ou adjuntos, nominais ou não
façamos parte do contexto da crônicae de todas as capas de edição especial
sejamos também o anúncio da contra-capa
mas ser a capa e ser contra-capa
é a beleza da contradição
é negar a si mesmo
e negar a si mesmo
é muitas vezes, encontrar-se com Deus
com o teu Deus
Sem horas e sem dores
Que nesse encontro que acontece agora
cada um possa se encontrar no outro
até porque...
tem horas que a gente se pergunta...
por que é que não se junta
tudo numa coisa só?

9.7.06

Digerir

Fome. Ausência ou vontade de presença? Fome de saber, principalmente e constantemente.
De descobrir.. fome sempre.
Fome que forma, fome sempre.
Fome que impulsiona, sempre fome.
Vontade exagerada de degustar, experimentar a vida, a totalidade, o individual e o coletivo.
Fome. Mofe. Ligação direta, intríseca. Se deixar passar a fome , se não saciá-la, mofa. Fome, mofe.
E não passa...esse grande apetite de percepção, que torna tudo urgente, urgência em sentir.

Então, naquele momento, ela digeriu o fato.
Qual o próximo prato?

4.7.06

Entre 6/7am é que a vida realmente acontece

Ela fazia força para acordar. Odiava acordar cedo. Sempre o despertador do celular que estava embaixo do travesseiro, interrompia, quebrava algum sonho,que ficava salvo na memória como incompleto.
E tomava banho quente, mais por mania do que pelo frio matinal. Tomava uma chicara de café com leite, um vicío diário, na canequinha que tem umas rosinhas desenhadas, às vezes comia uns biscoitos sequinhos desses de paradaria ou uma banana.
Arrumava-se, colocava johnson e johnson,e ia pegar o ônibus.
[trilha sonora adequada:cotidiano-chico buarque-todo dia ela faz td sempre igual...]
No ínterim entre sua casa e a parada (caminhada que durava aproximadamente 5 minutos), ela chutava pedrinhas, ou cantava uma música inteira.Às vezes ia calada, apenas memorizando as cenas. Na maioria daz vezes esperava 5 ou 10 minutos o ônibus que chegava sempre vazio,para sua alegria, pois preferia se sentar sozinha.O percurso de sua casa à universidade durava em média 20 minutos.
De manhazinha, um friozinho bom, a calmaria, a vida recomeçando na cidade, portas e janelas se abrindo. Ela sentia como se a casa dia presenciasse o nascimento de um novo filme B. Eram cenas desconexas, ou pela velocidade do ônibus, que nao deixava que ela visse as cenas se finalizerem, ou por ela mesma, que sempre estava procurando subliminaridades nas coisas, esquecendo-se muitas vezes que como dizia FREUD:
"um charuto muitas vezes é só um charuto,sem semióticas.".
Ah!Oh!Eita!Meu Deus!Ishhhh!Affe!Caraiiii!!E ela sempre interjeitiva,cheia de onomatopéias,acompanahva os quadros. Pessoas escreviam cartas de amor, velhos amigos se reencontravam, paqueras se iniciavam, pessoas limpavam as ruas, sujas de noites mais alegres, farmácias abrindo, bocas bocejando, caras de cansaso e sono, outras,inebriantes com um novo dia.(e etecétera e tal).E às vezes nem tudo segue a regra de sujeito+predicado+complemento. Nem tudo é previsivel. Nem tudo eh alinhado como faixas de disco.
Thanks God.
Muitas vezes ela escrevia, nas folhas dos cadernos, ou nos papéis avulsos, pensamentos imaginados naqueles instantes de "isso é óbvio, como você nao pensou antes?". E em todo seu caderno pode-se encontrar trechos sem final, ou concluídos às pressas pois a parada ja estava próxima, e na universidade,outra vida se iniciava. Ela sabia que a vida era contruída de esferas. Sua vida.Os momentos de pensar, os momentos de decontrair, os momentos de raiva...Como gavetinhas, ela pensava, que se abriam. Dentro delas, os sentimentos, agrupados, que fluiam naturalmente ao verem a gavetinha se abrindo, fugiam, exalavam pelo ar.
E ela perdida na sua louca.mente, só percebia que chegava a sua parada quando as pessoas se levantavam para descer também.(muitas,na mesma parada). Ela se levantava, dava um obrigado ao motorista, e ia caminhando...e os pensamentos iam aos poucos se esvaindo,e dando lugar à vida real.
Hoje, ela pensou em comprar um borracha, daquelas que apagam riscos feitos com caneta. Porque corretivo sometimes borra.

*vc borraria o desenho da sua vida?

27.6.06

protetor ou o sábio poderoso

Seu nariz era perfeito. Fino, imponente, arrebitado.
Sua pele tão clara e macia...
Sua voz pausada e explicada, elegante;
De inteligência excepcional, gostava de ler - lia praticamente todos os dias.
Gostava de rádio, gostava mais ainda de informação.De praxe, ouvia a Hora do Brasil e a CBN.
Revistas, livros, jornais, lidos e arrumados com atenção.
Cheiroso. Cheiro do qual me lembro até hoje.
A roupa tinha que estar bem passada e os cabelos finos e lisos, bem penteados.
Apreciava a boa culinária; comia devagar, degustando o sabor calmamente..
Era responsável como ninguém, pontual.
Ensinou-me a gostar de bons livros e sempre me incentivou a ler.
Isso sim, é saudade.

19.6.06

Passaqui

Vem, corre, vem.
Pra cá, onde os horizontes podem ser tocados; faz daqui tua casa.
Nesse lugar tão familiar.Nesse lugar onde a vida não desata nem desafina.
Onde os sonhos vendidos nas padarias são os mais doces, e nas bancas os jornais anunciam alvíssaras.
Onde você pode mudar os tons, das cores e dos sons.
Onde você cria seu palco, muda, transforma os antagonistas em protagonistas.
Aqui, se você procurar bem, também se acha potes d´ouro nos fins dos arco-íris, e os sorrisos são os mais sinceros.Aliás, a verdade é o passaporte pra esse lugar.
Nas prateleiras, pode-se guardar e organizar as lembranças. Nas paredes, fotografias vivas. Nas rádios, a paz em ondas.
e nos rostos, a certeza de que não há melhor porto para ancorar.
Vem, mas vem logo, porque eu já estou cansada de viver aqui sozinha.




*com gostinho de idéia tida agora.

12.6.06

A informação maquilada

“Ah! Vamos ser jornalistas, vamos ser imparciais e narrar a realidade como ela se apresenta.”
É utópico, mas continua sendo bonito. E, atualmente, é ingênuo.
A idéia de que o jornalista sempre vai retratar a realidade está desmistificando-se.
Com o uso das “matérias pagas”, a verdade parece ser manipulável. Esse tipo de matéria, encomendadas por empresas (geralmente possuem um cunho comercial implícito), visam alcançar muito mais interesses específicos do que oferecer alguma utilidade pública para os leitores, e acabam funcionando como um anúncio all-type na mente do leitor desavisado. Nela, a informação apresenta-se mascarada, não como objetivo de informar, mas de com argumentos lógicos, persuadir o leitor a acreditar na “verdade” que está sendo dita.
Já aprendemos que o jornal é uma empresa e que ele atende às necessidades capitalistas, visa o lucro, da mesma forma que a publicidade. Mas parece inadmissível a idéia de manipular a verdade. Além de antiético, não se pode dar credibilidade a esse tipo de “informação sintética”, que elogia demasiadamente um órgão ou empresa.
Muitas vezes essas matérias vem incrementadas com fotos super produzidas, uma chamada interessante, e por todo o texto, vai se tecendo e enaltecendo os benefícios de tal empresa. O supérfluo em primeiro plano, os fait-divers banais tomando o lugar de notícias de interesse coletivo.
A ANJ (Associação Nacional dos Jornais) condena essa prática de venda de reportagens em seu código de ética, e pede que "diferencie-se, de forma identificável pelos leitores, material editorial e material publicitário". Mas é com um punhado de hipocrisia e uma boa cara de pau, que a maioria dos jornais além de vender espaços para matérias pagas, não deixam claro que é um material publicitário, pois ao repassar dados em forma de notícia, estas informações ganham mais credibilidade e veracidade.
Não que não seja honesto, mas acaba iludindo o leitor, que pensa e acredita que o jornalismo é o retrato fiel dos acontecimentos.
Afinal de contas, a publicidade já existe para fazer este papel de “omissão” da realidade, de recriar conceitos e mudar pontos de vista.
Cuidado com o que estão ingerindo, nobres leitores.
Fica a pergunta... Você acredita em tudo que lê?


(artigo de minha autoria, para o jornal Alvíssaras)

11.6.06

palavras


Retrato Quase Apagado em que se Pode Ver Perfeitamente Nada
de "O Guardador de Águas"


I

Não tenho bens de acontecimentos.
O que não sei fazer desconto nas palavras.
Entesouro frases. Por exemplo:
- Imagens são palavras que nos faltaram.
- Poesia é a ocupação da palavra pela Imagem.
- Poesia é a ocupação da Imagem pelo Ser.
Ai frases de pensar!
Pensar é uma pedreira. Estou sendo.
Me acho em petição de lata (frase encontrada no lixo)
Concluindo: há pessoas que se compõem de atos, ruídos, retratos.
Outras de palavras.
Poetas e tontos se compõem com palavras.

Manoel de Barros

4.6.06

onde andam as células brancas?

um vírus instalou-se no sistema.
que agora corre débil, febril.
sem força para processar idéias..

respira. inspira. espirra.
respira. inspira. espirra.
respira. inspira. espirra.

como num cronograma, o dia passa assim
respira. inspira. espirra.

vitamina c, expectorante.
e a temperatura sobe, desenfreadamente.
queimou os circuitos.
descofiguração de sistema.

por favor, reiniciar.

15.5.06

número 702...

A casa tinha um terraço enorme, do tamanho da saudade. O ar entrava, e arejava as idéias. Entrava pelos pulmões, e abria a porta da memória. O piso era um mosaico lindo, colorido e geladinho, bom para deitar-se e sonhar.
Os cômodos eram arquivos vivos de uma infância de alegrias.
Ao entrar na cozinha, os aromas e sabores deram água na boca.
E tudo fazia parte de um passado tão presente...
A lágrima escorreu.

7.5.06

textura

textura.


Eles voltaram pra casa emudecidos, ensimesmados, envoltos em pensamentos perdidos na noite.
Havia ali uma cumplicidade cega, uma amizade silenciosa, um amor tão puro e claro...
Como se já se conhecessem desde sempre, como se já fizessem parte de um mesmo todo, completos.
E era como se o outro fosse parte essencial, intrisecamente ligados por um fio que apesar de ser invisível, era palpável, vivenciado.
Ela disse baixinho em algum momento, como se balbuciasse :
-Deixe-me contar tuas estrelas...
Ele sorriu, complacentemente.
E deram as mãos. E se o mundo acabasse ali, naquele instante, a melhor lembrança seria aquele sorriso.
E não se preocupa, a pureza está no coração.
E a colcha de retalhos vai sendo construída, com linhas firmes.
Qual será a textura dela, no final? Quando se poderá então, proteger-se do frio do mundo com ela?
-----------------------------

"Da complexidade do meu ser
Deparei-me no teu olhar
Apossei-me de tua mente
E pus-me a pensar.
Pensei em mim,
E em você pude enxergar.
Vi o mundo de outra forma
E os problemas deixei pra lá.

Quis voltar ao meu cantinho
Mas tive medo daquele lugar
Onde tudo era pacífico, calmo, tranqüilo
Mas era lá o meu lar.

Encorajei-me e resolvi voltar
Deixei sua mente, seu corpo, seu olhar,
E quando olhei para ti
Espantei-me com o que vi:

Você havia também mudado
Era outro o seu pensar
E descobri naquele instante
Que nada é eterno e tudo vive a transformar.

Nem os pensamentos, nem os sonhos
Nem a guerra, nem a paz.
Somos complementos. Somos sementes a germinar
Temos o presente e o futuro e nada enfim, a eternizar..."


[ Valéria Caetano ]

5.5.06

alguma coisa sobre mim

Análise sintática (sintética), morfológica e de sintaxe do objeto (abjeto) EU.

Eu. primeira pessoa. do singular. (ou do plural, visto que existe uma infinita possibilidade de "eus" em um único "eu"). subjetiva.
Uma, artigo indefinido, feminino.
Eu, monossílaba. Monossilábica porventura, monocromática sazonalmente.
Ditongo que deveria ser hiato.
Me, mi,comigo. Pronomes relacionados ao eu.
Eu, indivíduo. Pessoa.
Eu. com possibilidade de tornar-me nós.
eu, vanessa.
20 anos de sonhos e planos.



(pra não perder o fio da meada, posto aqui.)

Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa)
Poema em Linha Reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado Para fora da possibilidade do soco; Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma covardia!
Não, são todos o Ideal, se os ouço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? Ó principes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado, Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,

3.5.06

é cedo.eu cedo.todos cedem

engraçado que quando aparentemente você não tem nada pra dizer, é aí que você está transbordando de pensamentos.

[retalhos]

vez por outra ela sente falta dela. das risadas, das besteiras, das imagens. manifesto à saudade.sinto falta. será que alguem se acostuma com o não ter, não saber?
-
ele parecia perfeitamente encantado na ambiguidade da palavra.era a pessoa perfeita.era a sinestesia que chegava pra confundir, era a calma, era o sorriso só pra você. era quem entendia, atendia.e estava ali, do meu lado, tentando de tudo para que eu desse um sorriso, mesmo que fosse meia boca.
-

Prosa de um Poema-Imagem-Implícito

O Bôgo...pode ser eu,tu,eles,nós..espectadores de sua história, que acaba virando espelho da nossa.Vendo um e outro mascarado ir e vir.Pessoas sintéticas.Fake a lot.Esses disfarces débeis e caricatos,que acabam caindo do rosto, indo ao chão,escorrendo,feito uma maquiagem mal-feita que tenta esconder alguma imperfeição maior.
Aí a gente se dá conta de quão "feias" as pessoas realmente são,carregadas de egoísmo,e de uma falta de personalidade,que inevitavelmente,deixará à mostra toda sua hipocrisia disfarçada.
E depois,a gente dança conforme a música,nesse pseudo bailinho de máscaras.
E acaba se acostumando(ou seria acomodando?seria rima,mas não seria solução.touché).
E lançamos nosso melhor sorriso amarelo,cheio de indiferença,automático,levado muitas vezes por bons modos.
E aos poucos você percebe que a criticidade demasiada te deixa um pouco azedo.
Mas Bôgo tem um happy end.
Com a bonequinha de corda ou não,mas teve.
Isso basta?


(resenha para uma animação em flash de um amigo).

27.4.06

tenaz feito um passarinho

Em meio a um aneurisma de idéias, encontro isto. Uma paráfrase de um poema de Drummond "Canto ao homem do povo, Charlie Chaplin" feito por Sidney Frattini.
Belo, demasiado belo.
Falando nisso, sou fã do gauche na vida, do anjo torto, como ele mesmo dizia, Drummond.



Canto ao Homem do Povo, Drummond
I
(Não) Era preciso que, nem poeta, nem maior, porém um tanto exposto à galhofa, girando um pouco em tua atmosfera ou nela aspirando a viver como na poética e essencial atmosfera de sonhos translúcidos.
Era preciso que este pequeno cantor mudo, de ritmos inexistentes, vindo de lugar-nenhum, onde nem nunca se usa gravata, e raro alguém é polido, e a opressão é desestranha, e o heroísmo se banha, também, em ironia, era preciso que atual velho vinte-e-tantos-tombos, preso à tua "gauchice" por filamentos de ternura e vida, viesse ousar falar-te e, fruto imaturo, te visitasse para dizer-te alguns nadas, sobcolor de despoema.
Para dizer-te como os nós te amamos e que nisso, como em nada mais, nossa gente não se parece com qualquer gente do mundo - exclusive os que perderam bondes e esperanças, e voltam pálidos para casa, e cujos corpos transigem na confluência do amor, iludindo a brutalidade e a brutal idade, e que, secretamente, pronunciam tuas palavras de vida e sonho.
Bem sei que o discurso, acalanto freguês, não te esmorece, e esta tua vivência é tua entrevista aos hebdomadários. Não é a saudação dos entusiasmados que te ofereço. Eles existem, mas é a de gente comum em mundo incomum.
Nem faço muita questão da anti-matéria de meu canto, tão abaixo de ti, como uma letra mal sucedida, mandada por vida real ao escritor de todas as cartilhas.
Falam por mim sei quantos, sujos de inexpressåo e gente, levados a refletir, ainda que microssegundo, que te percorreram papel adentro e, em meio ao Palácio das Jóias, descobriram anéis que lhes serviam e se sentiram imensamente ricos.
Falam por mim os que simplesmente simples de coração nunca ouviram falar de ti, ou si, a não ser por adjetivos e nunca por eles mesmos, líricos ou cismarentos, irresponsáveis ou patéticos, cariciosos ou loucos, e os que não chegam a ser nada disso.
II
A noite dissolve os homens, e não te apaga, não, a visão.
A noite é mortal, mas já não o és, mesmo despido de fardões que não te caem bem, deselegante predestinado, condenado à Eternidade, independente de certidões.
Assim, perdida a sábia infância, acumulas a noite na calvície plena e adquires a dimensão do grande e o pedaço vital da trajetória.
E te fazes em frases.
E então sentimos a noite.
Não como trevas, mas como fonte natural de nostalgia e brisa, como se ao contato da tua mensagem voltássemos ao país secreto onde dormem meninos ambiciosos de soltar coisas ocultas no peito.
III
Vazio de sugestões alimentícias, matas a fome dos que foram (ou não) chamados à ceia celeste ou industrial. E notas na toalha da mesa, em plena janta, impurezas no branco - lição de coisas que a vida te ensinou.
IV
E agora, Carlos? Não sossegues.
Teus ombros suportam o mundo, embora tenhas apenas duas mãos e a poesia seja, definitivamente, incomunicável, teu verso é nossa consolação e cachaça.
Oitenta por cento de ferro nas almas e brejo e vontade de amar doem, e o tempo é matéria, definitivamente.
V
Fazendeiro aéreo, habilitado para a noite, carregas no bolso viola eternamente encordoada. És apenas um homem e teu presente inunda nossa vida inteira.
VI
No meio do caminho tinha uma retina que enxergava a pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento.
A pedra que ontem não vi hoje seria avalanche.
Ela repousa na vida, sem esconderijo, enxergada.
No meio do caminho tinha uma retina.
VII
E, ao contrário do que dizes, todos os meninos saltam de tua vida, a restaurar as suas.
Suspeitaste o velho em ti? Sabe o sábio que és, com tuas rugas e tua calva.
Foi bom que te expusésses: meditavas e meditávamos.
E tudo dizias... (ó palavras gastas, entretanto salvas, ditas de novo).
Poder de mais-que-humana voz, inventando novos caminhos, dando sopro aos exaustos; dignidade digna, amor profundo, crispação de ser humano, árvore firme ante desastres ecológicos, ó Carlos, meu e nosso amigo, tua vida e poesia FABRICAM a estrada de pó e esperança.

Sidney Frattini

23.4.06

Pingos de lágrimas

Sua mente sempre está acelerada. Aditivada. Antes de dormir, as idéias de confundem, vem e vão, se embaralham, criando uma miscelânea infinita de possibilidades. Amanhece e a rotina se repete, os mesmos lugares, as mesmas pessoas, as mesmas conversas. Então chove. Vento frio, tempo cinza.E a água parece varrer as coisas ruins. Ela observa as gotinhas pelo vidro da janela, desfocando, pontilhando a imagem, criando um quebra-cabeça lúdico.
E parece que ao chover, tudo muda...os assuntos, os programas. Tudo fica mais aconchegante, mais subjetivo, e parece que momentaneamente, sai-se da rotina. Veste uma roupa mais agasalhada, toma um café com leite quentinho. Tudo fica mais paciente, mais slowotion.E mente que corria, hiberna.
1,2,3,4...
E na sequência, ela olha para o infinito. Aonde dá o horizonte? Lá, as pessoas podem chover?
E acorda, pois o inverno acabou.



[interferências]

(re)sentimentos. sensações que eternas ou etéreas? (re)surgem, repetidas vezes, fazendo-nos refletir, (re)pensar...percepção (pré)fixada. aliterações de pensamentos, sinestesias léxicas, estribilhos apenas.

20.4.06

Qual o quê dos quais e porquês?

E num dado momento da aula ela disse: a idiossincrasia das coisas...
Então apareceu a tal da "Idiossincrasia" que foi a paixão lexical à primeira vista.
Sucinta, objetiva, direta.Dissequei-a.


Do grego idiosygkrasía (ídios, próprio + sýkrasis, constituição, temperamento)
idiossincrasia, s.f.
reação individual própria e típica a cada pessoa;
temperamento peculiar de cada indivíduo;
disposição do temperamento de um indivíduo, em virtude da qual cada indivíduo representa de uma maneira que lhe é própria as influências dos diversos agentes.
Pessoal e nesse sentido, subjetiva.
[adicionando elementos ao caldeirão da sopa de letrinhas]
Elas duas eram tesouros... irmãs-ímã, ou íma-de-irmãs. ou simplesmente, í(r)mãs.
Abraçáveis, beijáveis, choráveis, amáveis.
Para me salvar, me encorajar, ou (só)rrir.
-amargura lépida do tempo.correria pro mesmo lugar.sem título, subtítulo ou tecla sap.

O imperativo de Hermes


Corre. Desprende-te dos teus medos e corre. Ziguezagueia entre os altos e baixos mas corre; da velhice; do desespero. Corre...corre...corra! Corra do reflexo visto inadvertidamente no espelho, corra do insólito, do inodoro, do incolor e do indolor. Corra de si mesmo, corra contra a correnteza. Corra! Corra! Corre...escorre, escarra, escora. E corra novamente, corra com a semente, corra contra a frenética...mente; corra no escuro, corra para a paz. Corra na rua coberta de ácido e para as janelas dos olhares indiscretos e invasivos. Corra contra o fluxo infinito de palavras. Corra e sue, e libere o que te aprisiona....


- deixar a vida correr leve como aqueles saquinhos que sempre voam pela rua, calmos na sua dança cheia de poética, também pode ser uma alternativa. 350 km/h x dexa a vida me levar.


-Pra não se perder por ai, posto aqui:

"Você é uma serpentina colorida
De vermelho na boca e preto no olhar
Que alguém jogou, no carnaval da vida,
pra eu pegar"
Mauro Leite

18.4.06

tic tac high speed

E você quer gritar, chorar, correr talvez. E todos gritam que você tenha calma, pois não está na idade de sofrer por estas coisas. Mas o tempo voa, como sua imaginação, ele tem vontade própria.
Se bem que você até queria parar os relógios e ficar em stand by, mas você precisa correr, como o coelho de Alice, como Forrest Gump... correr para algum lugar que nem você sabe onde é, só sabe que precisa ir.
E nessa vida fast, o tic tac corre em high speed.


-quem sabe somewhere over the raindbow eu encontre o pote de ouro.

FOOD FOR THOUGHT

Although you may not stumble across a Martian in the garden, you might stumble across yourself. The day that happens, you´ll probably also scream a
little.And that will be perfectly allright because it´s not every day you realise you are a living planet dweller on a little island in the universe. (Jostein
Gaarder- The Solitaire Mystery)