textura.
Eles voltaram pra casa emudecidos, ensimesmados, envoltos em pensamentos perdidos na noite.
Havia ali uma cumplicidade cega, uma amizade silenciosa, um amor tão puro e claro...
Como se já se conhecessem desde sempre, como se já fizessem parte de um mesmo todo, completos.
E era como se o outro fosse parte essencial, intrisecamente ligados por um fio que apesar de ser invisível, era palpável, vivenciado.
Ela disse baixinho em algum momento, como se balbuciasse :
-Deixe-me contar tuas estrelas...
Ele sorriu, complacentemente.
E deram as mãos. E se o mundo acabasse ali, naquele instante, a melhor lembrança seria aquele sorriso.
E não se preocupa, a pureza está no coração.
E a colcha de retalhos vai sendo construída, com linhas firmes.
Qual será a textura dela, no final? Quando se poderá então, proteger-se do frio do mundo com ela?
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"Da complexidade do meu ser
Deparei-me no teu olhar
Apossei-me de tua mente
E pus-me a pensar.
Pensei em mim,
E em você pude enxergar.
Vi o mundo de outra forma
E os problemas deixei pra lá.
Quis voltar ao meu cantinho
Mas tive medo daquele lugar
Onde tudo era pacífico, calmo, tranqüilo
Mas era lá o meu lar.
Encorajei-me e resolvi voltar
Deixei sua mente, seu corpo, seu olhar,
E quando olhei para ti
Espantei-me com o que vi:
Você havia também mudado
Era outro o seu pensar
E descobri naquele instante
Que nada é eterno e tudo vive a transformar.
Nem os pensamentos, nem os sonhos
Nem a guerra, nem a paz.
Somos complementos. Somos sementes a germinar
Temos o presente e o futuro e nada enfim, a eternizar..."
[ Valéria Caetano ]
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