“Ah! Vamos ser jornalistas, vamos ser imparciais e narrar a realidade como ela se apresenta.”
É utópico, mas continua sendo bonito. E, atualmente, é ingênuo.
A idéia de que o jornalista sempre vai retratar a realidade está desmistificando-se.
Com o uso das “matérias pagas”, a verdade parece ser manipulável. Esse tipo de matéria, encomendadas por empresas (geralmente possuem um cunho comercial implícito), visam alcançar muito mais interesses específicos do que oferecer alguma utilidade pública para os leitores, e acabam funcionando como um anúncio all-type na mente do leitor desavisado. Nela, a informação apresenta-se mascarada, não como objetivo de informar, mas de com argumentos lógicos, persuadir o leitor a acreditar na “verdade” que está sendo dita.
Já aprendemos que o jornal é uma empresa e que ele atende às necessidades capitalistas, visa o lucro, da mesma forma que a publicidade. Mas parece inadmissível a idéia de manipular a verdade. Além de antiético, não se pode dar credibilidade a esse tipo de “informação sintética”, que elogia demasiadamente um órgão ou empresa.
Muitas vezes essas matérias vem incrementadas com fotos super produzidas, uma chamada interessante, e por todo o texto, vai se tecendo e enaltecendo os benefícios de tal empresa. O supérfluo em primeiro plano, os fait-divers banais tomando o lugar de notícias de interesse coletivo.
A ANJ (Associação Nacional dos Jornais) condena essa prática de venda de reportagens em seu código de ética, e pede que "diferencie-se, de forma identificável pelos leitores, material editorial e material publicitário". Mas é com um punhado de hipocrisia e uma boa cara de pau, que a maioria dos jornais além de vender espaços para matérias pagas, não deixam claro que é um material publicitário, pois ao repassar dados em forma de notícia, estas informações ganham mais credibilidade e veracidade.
Não que não seja honesto, mas acaba iludindo o leitor, que pensa e acredita que o jornalismo é o retrato fiel dos acontecimentos.
Afinal de contas, a publicidade já existe para fazer este papel de “omissão” da realidade, de recriar conceitos e mudar pontos de vista.
Cuidado com o que estão ingerindo, nobres leitores.
Fica a pergunta... Você acredita em tudo que lê?
(artigo de minha autoria, para o jornal Alvíssaras)
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