11.11.06

ASASINTÉTICAS

A borboleta de ferro voa pela tarde, pesada, com seus movimentos mecanizados.
A borboleta autômata, rígida, ríspida.
Com suas asas enferrujadas pelas gotas da chuva ácida, um Ícaro moderno à procura de luz.
A borboleta de tempos modernos, a pobre borboleta produzida em série, tão diferente da leveza que toda sua espécie parece ter. Ela e sua insustentável leveza. A borboleta com prazo de validade, com condimento e conservante. A borboleta-robô, à prova de balas. A borboleta cubista. A borboleta monocolor, que pousa nas antenas da cidade-luz. A borboleta e seus sentimentos industrializados. A borboleta corrompida pelo meio em que vive. A borboleta que respira poluição.
A borboleta azul, vivendo em um mundo de tons cinza.
Mas a poesia ainda está lá, no ar.


"E o tempo que levou uma rosa indecisa
a tirar sua cor dessas chamas extintas
era o tempo mais justo. Era tempo de terra.
Onde não há jardim, as flores nascem de um
secreto investimento em formas improváveis"
drummond

Nenhum comentário:

FOOD FOR THOUGHT

Although you may not stumble across a Martian in the garden, you might stumble across yourself. The day that happens, you´ll probably also scream a
little.And that will be perfectly allright because it´s not every day you realise you are a living planet dweller on a little island in the universe. (Jostein
Gaarder- The Solitaire Mystery)