"
(ainda por cima, ele desenvolvera um impulso quase irresistível de beijá-la quando ela dizia interessante, o que considerava um sinal saudável - nunca sentira vontade de beijar uma pessoa simplesmente porque ela era estimulante - mas ela já estava começando a ver com certa desconfiança, embora não soubesse até onde ele sabia, o que estva acontecendo. O que acontecia era que ela ficava falando de humor, paixão e uma inteligência animada e sutil sobre Ali, música, ou sua pintura, e ele se deixava levar por uma espécie de devaneio possivelmente sexual mas certamente romântico, e aí ela perguntava se ele estava escutando, e ele ficava constrangido e protestava excessivamente. Era uma espécie de paradoxo-duplo, na verdade: você estava gostando tanto da conversa de uma pessoa que a) parecia estar vidrado, e b) tinha vontade de impedila de falar cobrindo a boca dela com a sua. Aquilo não era bom (ou era?) e algo teria que ser feito a respeito, mas ele não fazia idéia do quê: nunca estivera naquela situação antes.)"
Nick Hornby - O grande garoto. Esse é o segundo livro dele que leio. O primeiro foi "Como ser legal", e a princípio, achei o nome bobo e não dei muita bola para ele. Mas Nick Hornby tem um discurso que me atrai, ele não é enfadonho, nem excessivamente detalhista. A narrativa flui, permeada com seu humor refinado, irônico e atual. :)
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