31.8.10

Do que sabemos

e do que fingimos não saber.

Já sabemos de tudo, já andamos por essas ruas antes, já falamos essas falas puídas.
Já fingimos normalidade, já passeamos entre o tormento e a serenidade, já estivemos em dúvida sobre qual margem escolher.
Já isso e já aquilo, nesse pequeno desastre, lendo e relendo os indícios, repassando os porquês e quandos.
Já deixamos para depois, que teima em chegar mais rápido que o agora.
Já corremos pros abraços, corremos para longe e acabamos estancados no meio do caminho, onde tinha uma pedra, no meio do caminho, tinha uma pedra.
Apelamos até para a botânica, ah apelamos sim.
Já chamamos nosso nome pelo quarto, pela casa, pelas ruas do mundo.
Já tentei desenrolar tuas palavras e me enrolei.
Já fomos tudo, até hiperbólicos, metafóricos, poéticos, dramaturgos, egoístas, personagens, antagonistas: antes fôssemos herméticos.

Agora fale bem baixo, pois posso ouvir você de longe, falando dentro da minha cabeça.

Vou servir um chá para um.

Nenhum comentário:

FOOD FOR THOUGHT

Although you may not stumble across a Martian in the garden, you might stumble across yourself. The day that happens, you´ll probably also scream a
little.And that will be perfectly allright because it´s not every day you realise you are a living planet dweller on a little island in the universe. (Jostein
Gaarder- The Solitaire Mystery)